Como a Polícia os encontrou, nem o Maestro
nem o Passarinho podiam imaginar. A resposta, porém, era simples. O dinheiro
que estava no saco era dinheiro da Polícia, e os policias que tinham preparado
o saco tinham posto um emissor dentro do saco. Assim, quando os raptores
escaparam, os policias puderam segui-los, seguindo o sinal do emissor.
Quando conseguiram encontrar o
esconderijo, o comissário Santos viu o carro estacionado do senhor X e deu
ordens para os policias se esconderem e esperarem um bocadinho antes de
intervir. Tinha razão, porque uns minutos mais tarde, o senhor X saíu, foi para
o seu carro e voltou para o esconderijo com uma mala. O comissário Santos
pensou que podia haver dinheiro na mala. Então, os raptores iam vender o
menino. Era hora de intervir, mas, para ter os resultados melhores teve de
esperar um bocadinho mais. Queria que ficasse bem claro que se tratava de uma
transacção ilegal. Queria prender o homem desconhecido com as mãos na
mercadoria e os raptores com as mãos no dinheiro. E foi exactamente assim como
foram presos todos.
Quando os criminais foram presos, o
comissário Santos saíu do seu carro e com ele saíu a Florida, que correu para o
carro onde estava o Joãozinho. Mãe e filho abraçaram-se e estavam muito
felizes.
Os policias passaram frente da Florida e
do Joãozinho, levando consigo os três presos. O Passarinho olhou o Joãozinho
nos olhos, como se lhe pedisse perdão. O Maestro olhou-o também, mas não havia
nenhum sentimento no seu olhar. Depois deles, vinha um policia com o saco do
dinheiro e com a mala também.
A Florida estava a olhar também os criminais
que lhe tinham privado o seu filho durante tantos dias. Estava tão feliz que
não podia sentir nada por eles. Quando, porém, apareceu o senhor X, a Florida
ficou petrificada, isto é quando uma pessoa fica imóvel.
- João, disse e desmaiou.
O senhor X também ficou estupefacto. Olhou
para a Florida, depois para o Joãozinho, outra vez para a Florida, que estava
no chão... Estes olhos, pensou, estes olhos cravados na sua mente não eram os
olhos do menino, eram os olhos da mãe, que ele, embora pensasse ter esquecido,
levava sempre consigo. E o menino, então...
- Florida, disse a voz baixa, como se
falasse para si mesmo.
Filho, pensou.
Mas não teve mais tempo, porque o levaram
para um carro da Polícia.
Entretanto, a Florida recobrou consciência
e era como se tivesse acordado de um sonho. Tinha visto o João ou não o tinha
visto?
- Mãe, estás bem? perguntou o Joãozinho.
- Sim, querido. Agora que estou contigo,
estou muito bem. Vamos?
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