domingo, 3 de novembro de 2013

18. Prisioneiro outra vez



O Maestro estava muito zangado. Dava voltas e mexia as suas mãos continuamente. Desde o quarto contíguo, o Joãozinho não podia vê-lo mas, com a orelha pegada na porta, procurava ouvir.
- Menos mal que o apanhei, dizia o Maestro. Podes imaginar o que aconteceria se o menino conseguisse escapar?
- Mas nós conseguimos levar o dinheiro do casal, não é?
- Sim, mas imagina se o menino tivesse ido à Polícia, estúpido! Podiam ter-nos encontrado antes de escapar com o dinheiro, percebeste?
- Porque te zangas, homem? Encontraste o menino, não o encontraste?
- Sim, está bem, tens razão, disse o Maestro, como se tivesse acordado de repente. Agora temos de ver o que vamos fazer com o rapaz.
- Sobre isto não é difícil pensar, disse o Passarinho. Vamos deixá-lo num lugar apartado e vamos desaparecer.
O Joãozinho sentiu-se aliviado. Iam deixá-lo livre. Era questão de tempo. Tinha simplesmente de ter paciência.
- És mesmo estúpido, disse o Maestro. Porque não pensas como podíamos ganhar mais dinheiro?
- Quem quer muito, perde tudo, dizia a minha mãe.
- Pois a minha mãe não dizia coisas estúpidas.
- Muito bem, então. Se tu és tão esperto, diz-me como podemos ganhar mais dinheiro. Vais vendê-lo outra vez?
O sangue do Joãozinho gelou.
- Isto não é sábio, disse o Maestro. Temos de fazer algo um bocadinho diferente. Vamos vendê-lo à sua própria mãe.
- Vendê-lo à própria mãe? Que queres dizer com isto?
- Vamos telefonar-lhe e pedir-lhe resgate.
- Achas que tem dinheiro para dar?
- Não custa nada perguntar.
- Sim, mas não pensas que assim vamos arriscar ser localizados pela Polícia?
- Vamos pedir-lhe para não implicar a Polícia. Ela não vai arriscar a vida do seu filho, não é?
- Espero que tenhas razão.
- Claro que tenho. Ó tu, ranhoso, qual é o número do telefone da tua mãe? E qual é o seu nome?

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