A rua estava deserta. O Joãozinho olhou
para os dois lados. À direita, não muito longe, havia um parque. À esquerda,
havia casas com jardins. Não conhecia aquele lugar. A paisagem era muito
diferente do seu bairro. Só o céu parecia ser o mesmo. Havia algumas nuvens no
céu.
Escolheu o lado esquerdo e começou a
correr. Aonde iria? Não sabia, mas tinha de ir longe daqueles homens tão maus.
Bom, o Passarinho não era tão mau, mas o Maestro certamente era muito cruel.
Correr! Quem podia imaginar que podia escapar tão facilmente? Correr! Quanto
tempo tinha à sua disposição? Não sabia. Correr, então!
Se soubesse como, iria para casa, mas não
sabia onde estava. À Polícia! Isto era boa ideia. Mas, onde havia um posto de Polícia?
Correr!
Correu um pouco mais e depois parou. Quase
não podia respirar. Com sopros rápidos e curtos procurava sentir melhor. Sentia
que os seus pulmões estavam a queimar. Cada sopro provocava-lhe dor. Não podia
correr mais, mas também não seria boa ideia ficar lá onde estava porque,
certamente, os homens correriam atrás dele quando acordassem.
Não havia gente na rua. Como podia perguntar
onde havia um posto de Polícia? Seria boa ideia bater à porta de uma casa
desconhecida? E se as pessoas que lá viviam eram pessoas más? Tinha perdido
toda confiança na natureza humana.
Mas se ficava lá, no meio da rua, mais
cedo ou mais tarde os homens iam encontrá-lo. Tinha de tomar uma decisão,
imediatamente.
Virou à direita e encontrou-se numa rua
tranquila. Pelo menos não estava na rua principal e os homens precisariam de
mais tempo para o encontrar. Sentiu-se mais calmo. A sua respiração melhorou um
pouco.
E agora, como escolher a casa onde
procuraria ajuda? A rua estava cheia de casas baixas e não muito ricas, mas
tinham todas jardins. Era um bairro bonito. Olhou para atrás. Não havia
ninguém.
Desde uma casa que estava em frente, uma
criança pequena estava pegada no vidro de uma janela grande. Dali, o miudo
olhava para ele e mexia a sua maõzinha, cumprimentando-o. Uma casa com uma
criança não seria uma casa com pessoas más. O Joãozinho levantou a mão e
cumprimentou também. O miudo pareceu muito contente e agora tocava o vidro com
a sua mãozinha como se fosse um tambor.
Eis a casa da minha salvação, pensou o
Joãozinho, mas justamente então ouviu vozes às suas espaldas. Havia gente
naquela casa, gente maior. Olhou para o jardim. Era muito bem-cuidado. Quem
amava as flores, não podia odiar as pessoas.
O Joãozinho olhou para a casa de em frente
e cumprimentou outra vez o miudo da janela. Depois, entrou no jardim.
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