terça-feira, 22 de outubro de 2013

13. Corrida para a salvação



A rua estava deserta. O Joãozinho olhou para os dois lados. À direita, não muito longe, havia um parque. À esquerda, havia casas com jardins. Não conhecia aquele lugar. A paisagem era muito diferente do seu bairro. Só o céu parecia ser o mesmo. Havia algumas nuvens no céu.
Escolheu o lado esquerdo e começou a correr. Aonde iria? Não sabia, mas tinha de ir longe daqueles homens tão maus. Bom, o Passarinho não era tão mau, mas o Maestro certamente era muito cruel. Correr! Quem podia imaginar que podia escapar tão facilmente? Correr! Quanto tempo tinha à sua disposição? Não sabia. Correr, então!
Se soubesse como, iria para casa, mas não sabia onde estava. À Polícia! Isto era boa ideia. Mas, onde havia um posto de Polícia? Correr!
Correu um pouco mais e depois parou. Quase não podia respirar. Com sopros rápidos e curtos procurava sentir melhor. Sentia que os seus pulmões estavam a queimar. Cada sopro provocava-lhe dor. Não podia correr mais, mas também não seria boa ideia ficar lá onde estava porque, certamente, os homens correriam atrás dele quando acordassem.
Não havia gente na rua. Como podia perguntar onde havia um posto de Polícia? Seria boa ideia bater à porta de uma casa desconhecida? E se as pessoas que lá viviam eram pessoas más? Tinha perdido toda confiança na natureza humana.
Mas se ficava lá, no meio da rua, mais cedo ou mais tarde os homens iam encontrá-lo. Tinha de tomar uma decisão, imediatamente.
Virou à direita e encontrou-se numa rua tranquila. Pelo menos não estava na rua principal e os homens precisariam de mais tempo para o encontrar. Sentiu-se mais calmo. A sua respiração melhorou um pouco.
E agora, como escolher a casa onde procuraria ajuda? A rua estava cheia de casas baixas e não muito ricas, mas tinham todas jardins. Era um bairro bonito. Olhou para atrás. Não havia ninguém.
Desde uma casa que estava em frente, uma criança pequena estava pegada no vidro de uma janela grande. Dali, o miudo olhava para ele e mexia a sua maõzinha, cumprimentando-o. Uma casa com uma criança não seria uma casa com pessoas más. O Joãozinho levantou a mão e cumprimentou também. O miudo pareceu muito contente e agora tocava o vidro com a sua mãozinha como se fosse um tambor.
Eis a casa da minha salvação, pensou o Joãozinho, mas justamente então ouviu vozes às suas espaldas. Havia gente naquela casa, gente maior. Olhou para o jardim. Era muito bem-cuidado. Quem amava as flores, não podia odiar as pessoas.
O Joãozinho olhou para a casa de em frente e cumprimentou outra vez o miudo da janela. Depois, entrou no jardim.

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